Concurso PF: especialistas falam sobre a prova do cargo de agente

No último domingo, 16, milhares de candidatos realizaram as provas do concurso da Polícia Federal. Para o cargo de agente, eram esperados mais de 90 mil inscritos para as provas objetivas e discursivas. De acordo com especialistas, o Cebraspe manteve o padrão nas avaliações para a função e, segundo eles, quem estudou com base no histórico da banca tem grandes chances de ser aprovado.

O gabarito preliminar está previsto para ser divulgado ainda neste terça-feira, 18, a partir das 19h, no site do Cebraspe. Enquanto isso não acontece, a reportagem de FOLHA DIRIGIDA conversou com professores do curso preparatório Estratégia Concursos, que avaliaram a prova do cargo de agente.

De maneira geral, os especialistas disseram que foi um exame com nível de cobrança regular, com poucas surpresas. Para eles, uma prova a nível Polícia Federal nunca pode ser considerada fácil, porém também não apresentou esquemas tradicionalmente considerados complexos.

A prova objetiva do cargo de agente do concurso da Polícia Federal foi composta por 120 questões, abrangendo conteúdos de Conhecimentos Básicos e Específicos. Além disso, no mesmo período, à tarde, foi aplicada uma prova discursiva, que foi uma redação dissertativa.

Em Raciocínio Lógico, professor destaca a previsibilidade do Cespe

Para o professor Brunno Lima, que leciona a disciplina de Raciocínio Lógico, para o candidato se dar bem nessa parte da prova da Polícia Federal precisou conhecer a banca. Isso porque o Cebraspe (antigo Cespe/UnB) pouco inovou e manteve o seu histórito de cobrança. 

Segundo ele, se comparada com a de escrivão, a prova do agente foi bem mais previsível, embora com um nível um pouco mais acima. Apesar de ter sido mais criteriosa do que a de escrivão, manteve-se totalmente dentro do padrão do que a banca está acostumada a cobrar, sem grandes surpresas para os candidatos.

"É uma banca muito justa com relação ao que é previsto no edital e o que eles cobram nas questões. Foi totalmente dentro do nível de dificuldade das provas anteriores. O candidato tinha que ficar realmente atento à leitura de alguns itens que poderiam ser matados de maneira mais rápida."

Brunno comenta ainda sobre a variedade das questões, pois alguns intens poderiam tomar um pouco mais de tempo do candidato, caso não tivesse atenção no que era pedido. Ao mesmo tempo, porém, se já tivesse certa maldade no que a banca cobra, o concorrente poderia se sair melhor do que o previsto.

"Uma ou outra questão exigia sim um pouco mais de raciocínio e que talvez pode ter tomado um pouco mais de tempo. Entendo que as dez questões que foram cobradas foram muito bem distribuídas. Foram questões que entendemos como fáceis, de nível médio, e questões que podemos classificar como difíceis, mas todas dentro do que o Cebraspe está acostumado a fazer, no padrão de provas anteriores da Polícia Federal."

Especialista destaca a ausência de assuntos avançados em Contabilidade

O professor Júlio Cardozo, responsável pela disciplina de Contabilidade, comentou que o Cebraspe surpreendeu com a cobrança de uma prova a nível básico. De acordo com o especialista, a banca trouxe conteúdos da parte geral e da parte inicial da disciplina, sem tópicos mais avançados. Ele ressalta que foi destinado um número maior de questões a um bloco específico de Contabilidade.

"A gente esperava uma prova com um nível bem maior do que o apresentado. O candidato precisou estar bem na parte inicial, que foca no objeto de estudo, na parte de escrituração contábil, que foi bastante exigida, além das principais demonstrações da Contabilidade."

O professor destaca que os assuntos da parte básica eram bem fundamentais para o candidato ter um bom desempenho. Júlio destaca os tópicos de balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício. "Além disso, algo que estava previsto cair e alertamos foi a estrutura conceitual básica."

Na parte de TI, professores se surpreendem com a Informática

Para a disciplina de Tecnologia da Informação, a reportagem da FOLHA DIRIGIDA conversou com os professores Thiago Cavalcante e André Castro, ambos do Estratégia Concursos, que acompanharam as provas do cargo de agente do último domingo. Eles comentaram que o nível de dificuldade na matéria estava normal,. A surpresa na parte de Informática, de acordo com os professores, foram as ausências de conteúdos esperados.

Segundo André Castro, um simples conhecimento do agente de funções básicas e administrativas na operação de computadores não era o suficiente para o candidato ter um bom desempenho.

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"Poucas questões de sistema operacional ou ferramentas de escritório, como o Word ou Office. Considero o nível altíssimo de diversos itens. Sem dúvida a área de informática/TI será um divisor de águas nesse concurso. O fator surpresa não foi 100%. Realmente esperávamos que a área de informática tivesse essa relevância. A parcela surpreendente foi o nível e complexidade envolvidos em diversas questões com pontos sutis que exigiam uma perspicácia diferenciada do candidato", comentou.

Castro destaca ainda que o nível não foi o esperado, considerando o histórico e o cargo proposto e entende que houve novidades no contexto da prova. Na visão do especialista, para o aluno conseguir um bom resultado era preciso capacidade de resolução rápida, considerando a complexidade e a extensão das questões.

"Os alunos que investiram um tempo adicional em informática/TI para aprofundar o assunto terão um diferencial na prova. O indicador desse comportamento era a distribuição de questões na prova."

Já Thiago Cavalcante considera que, como um todo, a prova manteve o seu nível de dificuldade normal para um padrão Cebraspe e concurso da Polícia Federal: "a prova nunca é fácil, mas no geral não veio tão complexa", definiu.

Sobre Informática, o professor comenta que observou um deslocamento muito grande no sentido de tirar questões associadas ao conteúdo de Informática Básica (Windows, Word, Excel e Power Point) para trazer na prova conteúdos relacionados à parte de Tecnologia da Informação, com muita presença de banco de dados, conceitos de aprendizagem de máquina, bigdata e redes de computadores.

O especialista comenta também que a cobrança nesses tópicos foi bem aprofundada em relação ao que é comum de ser feito em concursos públicos. Segundo ele, para se sair bem o candidato precisou de uma boa preparação, de maneira detalhada.

"Quem não fez isso, não teve tempo de cobrir o conteúdo inteiro ou estudou esses conteúdos de forma mais rasa certamente está lamentando a prova. O Cebraspe vem inovando trazendo essa parte de TI dentro do conteúdo. Nós estamos na expectativa para que os candidatos tenham feito uma boa prova e tenham sucesso."

Gabaritos preliminares saem nesta terça-feira, 18

Os candidatos que realizaram as provas do concurso PF poderão conferir os gabaritos preliminares a partir desta terça-feira, 18, no site do Cebraspe, com consulta na FOLHA DIRIGIDA Online. O Cebraspe informou que o prazo para recursos contra as respostas e as questões da prova será aberto às 9h desta quarta, 19, ficando disponível até as 18h de quinta, 20.

Atenção para os critérios que eliminam os candidatos do concurso, no que diz respeito às notas da prova. No caso de perito, é preciso obter pelo menos dez pontos em Conhecimentos Básicos e no mínimo 21 em Conhecimentos Específicos. No somatório geral é exigido pelo menos 48 pontos, assim como para delegados.

Os demais candidatos, precisam de, pelo menos, seis pontos no bloco I, três no bloco II e dois pontos no bloco III. A soma geral também deve ser igual ou maior que 48 pontos.

As provas do concurso PF foram realizadas em todas as capitais brasileiras, além do Distrito Federal. A prova objetiva teve caráter eliminatório e classificatório, composta por 120 questões. 

Com exceção do delegado, todos os demais tiveram que realizar um texto dissertativo de, no máximo, 30 linhas, como prova discursiva. O cargo de delegado realizou três questões dissertativas. [VIDEO id="7488"]