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Governo rejeita recomendação e MPF vai pedir concurso INSS na Justiça
Ministério da Economia não acata Recomendação do MPF e concurso INSS 2019 deve parar na Justiça.
Matéria atualizada em 24/06/2019, às 16h48
O Ministério da Economia, responsável pelas autorizações de concursos públicos do Poder Executivo Federal, se manifestou a respeito da Recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para uma autorização do concurso INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - até o início de junho.
Em nota oficial encaminhada à imprensa, a pasta informa que não será possível realizar a seleção no momento atual, por conta da situação fiscal do país.
"A atual situação fiscal do país limita a atuação da Administração Pública em ações que acarretem impactos orçamentário-financeiros tanto para este ano quanto para os exercícios subsequentes, o que impossibilita a autorização de realização de um concurso público para o INSS neste momento."
Diante da negativa do governo, a Procuradoria da República no Distrito Federal confirmou à reportagem da FOLHA DIRIGIDA na tarde desta quarta-feira, 12, que vai levar o caso à Justiça. De acordo com o órgão, a Ação Civil Pública já está sendo elaborada.
"Será ajuizado o pedido de seleção pública para recomposição do quadro (do INSS). A ação inicial já está sendo elaborada", informou a PRDF por meio de nota.
As responsáveis pela investigação que levou à Recomendação do MPF para autorização do concurso INSS são as procuradoras Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira e Eliane Pires Rocha, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e da Procuradoria de República no DF, respectivamente.
Em casos como este, o MPF costuma impetrar ação civil pública na Justiça Federal. Isso também aconteceu no Tocantins, onde o Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinou concurso públicou para peritos do INSS até outubro.
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Ministério diz que adota medidas para lidar com déficit
Questionado por FOLHA DIRIGIDA sobre qual seriam as medidas adotadas para resolver o problema da falta de pessoal no INSS, o Ministério da Economia diz que está trabalhando em conjunto com a autarquia em alternativas que visam a melhorar o desempenho institucional.
"As medidas incluem, por exemplo, o mapeamento, otimização e automação de processos; a revisão de procedimentos e modernização de normativos internos; e a realocação de pessoal entre unidades do próprio órgão, de modo a atender as prioritárias e que garantam a melhoria da oferta de seus serviços públicos."
Atualmente o número de cargos vagos no INSS é de cerca de 10 mil, o que tem inviabilizado a concessão de direitos de previdência e assistência social em todo o país. Além desse déficit, outros 9 mil servidores que recebem Abono de Permanência podem se aposentar a qualquer momento.
Outras propostas já haviam sido anunciadas visando a suprir parte do déficit, como a cessão de funcionários da Infraero. Mas o próprio presidente do INSS, Renato Vieira, disse que esses funcionários não atuariam no atendimento, de modo que não substituiriam técnicos do INSS, cargo com maior déficit.
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Além disso, a digitalização dos serviços foi um dos pontos apontados pelo Governo para diminuir o fluxo que leva mais de 70 mil pessoas, todos os meses, às agências. Mas especialistas da área e servidores do INSS já deixaram claro que o trabalho dos agentes não pode ser substituído por máquinas, por questões que envolvem tanto a tecnologia a que os segurados têm acesso, quanto o próprio trabalho de análise dos profissionais.
O quadro de servidores se torna cada vez mais fraco diante da grande demanda de serviços. Só nos primeiros meses deste ano, mais de 2 mil entraram com pedido de aposentadoria, de acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps).
A recomendação do MPF era para que o déficit total de 10 mil servidores fosse sanado com um novo concurso, além de ser formado um cadastro de reserva para repor vacâncias futuras.

(Foto: Divulgação)
Falta de concurso gera mais gastos aos cofres públicos
A Recomendação do MPF traz outra denúncia, que diz respeito aos gastos expressivos que a falta de pessoal tem gerado no INSS. Os custos para os cofres públicos chegam, muitas vezes, a ser até quatro vezes maiores.
Em parte, são gastos vindos de processos judiciais de natureza previdenciária acionados na Justiça Federal - a maioria por causa da demora na concessão de benefícios. De acordo com dados do TCU, só em 2016 mais da metade dos novos processos estavam relacionados a Direito Previdenciário.
Essas ações contra o INSS demandaram, no mesmo ano, cerca de R$4,6 bilhões da Justiça Federal, da Procuradoria-Geral da Fazenda, da própria autarquia e da DPU.
“Enquanto um processo administrativo previdenciário custou, em média, cerca de R$894, um processo judicial previdenciário de 1ª instância custou R$3.734; enquanto a perícia administrativa previdenciária custou cerca de R$158,55, a perícia judicial previdenciária, realizada nas Justiças Federal e Estadual, custou entre R$205,93 e R$658,61, acrescidos de 20% dos honorários (..).”
Além das despesas alarmantes com as próprias ações, vale destacar que elas ainda acabam gerando multas, também altas, para o INSS. Muitas por causa da demora no cumprimento de obrigações impostas judicialmente.
Tudo isso por conta da falta de servidores e da consequente ineficiência dos serviços prestados pela autarquia. O que gera a evidente lesão aos cofres públicos, como destaca a recomendação do MPF.
Sobre o atraso na concessão de benefícios, em março do ano passado os processos pendentes que aguardavam análise eram 2,1 milhões. Agora, sem o concurso INSS, o número já chega a quase 3 milhões.
Dados de outubro de 2018 apontam que mais de 175 mil mulheres em todo o Brasil estavam na fila para receber o salário-maternidade, por exemplo. Em alguns casos, a demora para concessão do benefício chegava a seis meses.
Pedido de concurso é para mais de 7 mil vagas
O pedido de concurso do INSS encaminhado ao Governo prevê um total de 7.888 vagas em um novo edital, além de outras 2.580 referentes à chamada de aprovados do concurso de 2015, com validade expirada.
Do total de vagas solicitadas ao Governo Federal, 3.984 são para o cargo de técnico, que exige nível médio e tem remuneração inicial de R$5.186,79.
As outras são para o nível superior, sendo 1.692 de analista e 2.212 de médico perito, com iniciais de R$7.659,87 e R$R$12.638,79, respectivamente.
O último concurso para técnicos e analistas do INSS foi realizado em 2015, sob organização do Cebraspe. A oferta era de 950 vagas, número que foi considerado inexpressivo diante da necessidade do quadro de pessoal da autarquia. Já para perito a seleção anterior ocorreu em 2011, com 375 vagas e organização da Fundação Carlos Chagas (FCC). [VIDEO id="8829"]
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