Representantes do Correios se reúnem para criticar a privatização

Foi realizada na última semana uma audiência pública dos representantes dos Correios para debater a privatização da estatal.

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Publicado em:12/08/2019 às 12:15
Atualizado em:12/08/2019 às 12:15

*Matéria atualizada em 14/08/2019, às 10h14

Na última semana, representantes da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) se reuniram para criticar a intenção do governo de privatizar a estatal. A audiência pública interativa aconteceu na Comissão de Direitos Humanos (CDH). 

Conforme publicado no site do Senado Federal, os trabalhadores alegaram que o governo deveria buscar os recursos desviados do fundo de pensão Postalis e deixar de usar "mentiras e argumentos falaciosos" que induzam a opinião pública ao erro para justificar a privatização. 

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Por sua vez, os defensores da desestatização apontam que a falta crescente de recursos orçamentários poderá comprometer a prestação futura de serviços públicos à população. 

Segundo informações publicadas na segunda, 5, o Ministério da Economia está estudando a privatização do órgão. Entre os motivos apontados para a venda estão: corrupção, ineficiência, rombos bilionários, greves constantes e perda de mercado para concorrentes privados.

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(Foto: Divulgação)

Trabalhadores alegam que estatal não recebe investimento

Durante o evento na CDH, o presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (Findect), José Aparecido Gimenes Gandara, cobrou investimentos e afirmou que a privatização dos Correios não tem lógica.

Com 42 anos de empresa, José Aparecido disse, ainda, que a situação "deficitária" não condiz com a realidade.

"Temos 100 mil empregados, já saíram da empresa 29 mil. A privatização esconde interesse de exploradores do povo brasileiro. Temos 50 mil carteiros para atender todo o Brasil, que trabalham de forma sobrecarregada", afirmou. 

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Ainda de acordo com o presidente da Findect, os trabalhadores não estão pensando em fazer greve, pois isso poderia sustentar o discurso de que são os responsáveis pela privatização.

Em relação ao Postalis, José Aparecido diz que os trabalhadores foram roubados e estão pagando integralmente o dinheiro que foi desviado do fundo de pensão. 

Durante a reunião, o secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, disse que a venda da estatal só vai aumentar os custos e diminuir o serviço de entrega em todo país.

José Rivaldo, carteiro há mais de 22 anos, afirmou que a solução dos Correios virá por meio de investimentos.

Já o assessor especial da presidência dos Correios, Aurélio Maduro de Abreu, disse que a disponibilidade de recursos da empresa é bastante reduzida e precisa crescer. 

Aurelio Maduro negou que o monopólio na entrega de cartas sustente os Correios, já que o envio de correspondência é cada vez menos comum pela população. Em 2018, a  receita da empresa foi de R$18 bilhões e há previsão de fechar 2019 com R$300 milhões de saldo.

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Entre as ações estratégicas tomadas pelos Correios para a geração de caixa estão:

mudanças nas políticas de contas a pagar e receber;
ajustes das linhas de transporte aéreo;
gestão ativa da carteira de imóveis;
alongamento do perfil da dívida;
redução de custos e perfil operacional;
busca de maior eficiência das rotas de retorno; 
aumento da participação no mercado de logística.

Algumas ações concretas já foram adotadas. São elas: plano de demissão voluntária, já com 4.546 adesões; revisão de mais de dois mil contratos; suspensão da contratação de consultorias, redução gradual de antecipação de pagamentos; melhoria na gestão de processos internos de ouvidoria e segurança; e criação de dois grupos de trabalho para elaboração de plano de ajuste e equilíbrio fiscal. 

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Por sua vez, Henrique Dolabella, diretor da Secretaria de Desestatização e Desenvolvimento e  Mercado do Ministério da Economia, disse que está sobrando pouco e cada vez menos para a provisão de bens e serviços públicos essenciais, como saúde, educação, segurança e infraestrutura.

"As desestatizações são fundamentais para que o governo possa possibilitar a alocação adequada de recurso públicos, e o orçamento ser canalizado a setores em que o Estado não pode ser substituído", finalizou.

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